A Queila morreu
Mas, quem é a
Queila, mesmo? Ah! Era apenas uma pessoa extremamente pobre, dessas
que ganham bolsa esmola e afrodescendente. Não está inserida em
“nosso meio”.
Há semanas antes de
ela morrer eu disse a ela que faria uma viagem internacional
(Uruguai). Vi em seus olhos uma profunda tristeza que, naquele afã,
naquela pobreza espiritual do (oprimido hospedeiro do opressor, vide
Paulo Freire), não percebi o que percebo agora. Que ela estava
triste, não por causa da despedida ou por qualquer sentimento que as
pessoas do “nosso meio” possam perceber. Ela estava triste porque
, no fundo se sentia menos. Menos, como sempre se sentiu, durante os
23 anos que viveu.
Por ter nascido
negra e pobre. Por ser filha de quem era. Por nunca ter sido
convidada sequer para uma festa de aniversário, casamento, etc.
Pelos olhares de desaprovação, sutilmente disfarçados, das pessoas
que são mais, sobre ela que era menos. Pela situação de penúria
que vivia e sempre viveu. Numa casa miserável, recebendo bolsa
família. Recebendo víveres por complacência de um falso solidário
tio. Porque se fosse solidário de verdade, em vez de simplesmente
ajudar, teria a adotado logo ao nascer.
Ái de nós!!! Que
estamos amansados, domesticados, civilizados pelo Sistema… SENÃO!?
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