terça-feira, 13 de julho de 2010

ÀS MINHAS COLEGAS E AOS MEUS COLEGAS DO CURSO DE PEDAGOGIA

Olá colega (s), as férias escolares estão terminando...estive, durante este mês, refletindo sobre a nossa condição de alunas (os) nestes quase três anos, em especial na nossa condição de alunas (os) quase professoras (es) no último semestre.

Certamente, como sempre diz o "filósofo mor da Mauá" prof° Cícero, não sairemos como entramos; certamente hoje somos mais. Que tal fazermos um exercício de abstração e nos imaginarmos, daqui a algum tempo já como professoras (es)...e...na sala dos professores...comentando sobre nossos alunos, estaremos falando bem destes ou mal???

Este questionamento, faço, ao lembrar que os nossos professores, na sala deles, falam cobras e lagartos sobre nós. E nós??? Será que ficamos o tempo todo elogiando o trabalho das (os) nossas (os) professoras (es), ou o que fazemos é especialmente, questioná-los??? É claro que nós como alunos críticos e pós-críticos, o que mais temos feito, entre nós, é, principalmente, criticá-los.

E neste último semestre, como será que vai ser??? Vamos iniciar uma guerra declarada aos nossos docentes, deixando de lado a guerra fria e evoluir para o enfrentamento total???

Acredito que não!!!

Acredito que estamos mais maduras (os) como alunas (os) e como cidadãs (os).

Sabe...da mesma forma que nós ficamos angustiados quando a matéria, a prova, está difícil, pois a maioria de nós trabalha e quase não tem tempo para ler e estudar todo o material que é passado para nós, o (a) professor (a) também fica igualmente aflito (a) ao perceber as nossas dificuldades (nossas dificuldades são deles também); como nós ficaremos tristes ao perceber as dificuldades dos nossos alunos.

Façamos mais um esforço de abstração e imaginemos a dificuldade que estes professores têm para se comunicar conosco (afinal, eles falam a linguagem do professor, e nós, a dos alunos). O que eles fazem com a gente é uma educação bancária, por mais que tentem ser diferentes. Forçosamente, temos que lembrar que eles fizeram desta maneira a vida deles inteira, e não é da noite para o dia que vão mudar, por mais que queiram. Nunca serão dialógicos.

Por isso, temos que superá-los. Temos de nos desdobrar, estudar mais e melhor, de forma a compensar o modelo retrógrado que eles usam para dar aulas para nós. DOAR AULAS PARA NÓS. Isso não soou exatamente o mesmo que dizer “depositar aulas em nós”??? Viram, é educação bancária, não é dialógica???

Paulo Freire falava que na educação dialógica aluno e professor decidem juntos o conteúdo programático.

Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos – mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada.

A educação autêntica, repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo (Freire, Paulo, Pedagogia do Oprimido, 1987, pág 83).

Ainda que esse desdobrar, estudar mais e melhor seja extremamente pesado, às vezes. Ainda assim o esforço compensará, no final.

Se, contudo, não for possível este desdobramento por conta da vida corrida. Ainda assim, nós seremos compreensivos, pois sabemos que estes professores, apesar de antidialógicos, são pessoas boas e fazem muito bem aquilo que aprenderam a fazer: dar aulas, doar aulas, depositar aulas.

Nós, enquanto educadores do futuro, não devemos nos esquecer de que deveremos ser diferentes destes que nos deram aulas. Temos a obrigação de sermos melhores que eles. A obrigação do aluno é superar o mestre e superar-se a si próprio.

ABRAÇOS FRATERNOS

Gazetta Revolucionária disse...

Quando escrevi esta postagem acima não tive a intenção de menosprezar nossos docentes, ao contrário, a minha intenção foi tentar ser fiel o mais possível da realidade (o que acontece de fato na escola), não apenas na nossa, mas no geral; e que "cobras e lagartos são ditas dos dois lados, tanto dos professores como dos alunos. Só que ninguém tem coragem de falar a verdade (o que ocorre no dia-a-dia dos professores X alunos). Não que seja uma guerra, mas existe uma certa contradição não explícita nesta conjuntura. E se nós fizermos como a avestruz, colocando a cabeça dentro dum buraco, achando que ao não vermos o problema ele passa a não existir, estaremos na realidade enfiando o "pé na jaca", ou no "atoleiro" cada vez mais. Temos que enfrentar de frente o problema.
Certo professor disse no semestre passado que: "O aluno é um desconhecido, e como tal é difícil de trabalhar nesse contexto".
Ao escrever este texto não tive outra intenção senão a de dar um feedbak para que possamos a partir daí começarmos a pensar que rumo devemos tomar.
Talvez eu esteja equivocado em alguns pontos da minha fala do texto acima, mas devemos vê-lo como um pontapé inicial de um debate que se não acontecer agora (este ano), não escapará de acontecer em futuro bem próximo...

ABRAÇOS FRATERNOS

26 de julho de 2010 14:14