sábado, 19 de janeiro de 2013

Não basta votar, tem de participar

{esta foi minha redação no vestibular da Barão de Mauá}
[em resposta a (LUFT, Lya. A gente decide IN: Veja. São Paulo: Ed. Abril, n. 42, p. 26, out. 2009].

Não basta votar, tem de participar

 É verdade que o povo brasileiro é um povo alegre e festivo, um povo cordial e acolhedor. Mas é também verdade que parte do nosso povo, de tempos em tempos arregaça as mangas e vai à luta pelas mudanças necessárias, como ocorreu nas mobilizações, do final do séc XX, pelas eleições diretas para Presidente da República e depois pelo Impeachment do Presidente Collor de Mello.
 Sabemos que o Mundo, na atualidade, vem atravessando sérios problemas econômicos e que essas crises mundiais acabam afetando o nosso país; nosso país que de uns anos para cá vem avançando nas questões sociais, melhora no desempenho econômico frente aos outros países, etc.
             Apesar de tudo isso é preciso lembrar a importância da nossa participação política, mobilizando-nos para não deixar que o clima de festa (olimpíada, copa) adormeça a consciência do nosso povo.
              Portanto, vamos votar certo elegendo as pessoas éticas e comprometidas com as políticas públicas que se fazem urgentes. Mas, além de votar devemos participar da vida política do nosso país, promovendo e participando de encontros, fóruns de discussões, fazendo avançar nas prioridades do povo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

AS AVENTURAS DE HOJE NOS FAZEM LEMBRAR AS VENTURAS DO PASSADO



O jovem aparentava 22 anos de idade, cabelos despenteados, olhar brilhante, entrou apressado na sala e cumprimentou a todos, andava apressadamente procurando algo naquelas pessoas da sala, parou e disse:
- Ouvi falar que aqui, há vigor da juventude, sorrisos em abundância, resistências às maldades, força nas mãos e experiências para doar, mas eu preciso acreditar que eu posso ter tudo isso, que posso ser tudo isso. Disseram-me que sou incapaz, que sou inútil e me digam, me digam que isso não é verdade!
- Eu preciso de um abraço, de um afago e me disseram que tudo o que eu preciso está aqui, me ajudem a encontrar.
O Jovem começa a procurar dizendo: 
- Onde posso encontrar conforto num abraço, por favor, ajudem-me sorrir...
Pega as mãos de uma senhora e diz:
- Mãos lindas! Afague meu rosto? Mãos da experiência, quantos anos têm? Que trabalho fazia? Quantas vezes escrevestes na lousa, que livros leram? Quanta pessoa ensinou a escrever e a ler? Você pode me abraçar?
Perguntou ao senhor ao lado:
Que profissão é a sua?
- Pedreiro? Suas mãos me dizem que o senhor fez muitas famílias se sentirem confortáveis e seguras.  Aqueles dias quentes em que seu suor pingava na massa que rebocava as paredes daquele prédio estão lá ainda. Hoje, é a avenida principal... 
Ensine-me a construir minha vida, me dê conforto!
Olhou ao lado.
- Você motorista, preciso de direção! De norte, de rumo para a minha jornada.
Todos ficaram aturdidos, mas todos podiam ajuda-lo, porque havia experiências em abundância.  Lá no fundo da sala havia uma senhora de cabelos brancos e ralos, ela estava quase imóvel sentada numa cadeira de rodas.
_ Eu posso ensiná-lo a andar e sorrir. Venha e empurre minha cadeira, vamos dar uma volta nesta sala, pois vou contar a história de minha vida.
O rapaz aceitou o convite, e todos ficaram observando.
- Está vendo aquele quadro na parede?  Eu tinha 22 anos, era bailarina e aquele piano, é o mesmo que você esta vendo ali ao lado. Nesta sala, ensaiávamos nossas apresentações. Era a primeira bailarina e aquele jovem, casei-me com ele posteriormente. Vivemos de música e dança, mas o tempo é senhor do nosso destino e mais tarde ele se apaixonou por outra moça e eu dancei literalmente o tango da despedida. Mas não abandonei meu destino e me apaixonei por um fã um pouco mais jovem que eu, casei-me novamente.  Está vendo aquele homem alto e bonitão ali? Ainda estamos juntos porque transformamos nossa escola numa casa de todos os que estão aqui.
A senhora na cadeira de rodas pediu para que todos fizessem um grande Círculo da Vida e propôs ao jovem que participasse de uma dança:
_ Venha, quero apresentar a vocês, o nosso novato aprendiz da vida! Vamos mostrar a você, como devemos cantar com a nossa voz, bailar com o nosso corpo, dizer a nossa palavra.  Vamos teatralizar, de forma que você perceba que vamos representar. O teatro é uma representação da realidade, não é a realidade; em si mesma, porém, essa representação é real. Com isso você vai aprender a viver intensamente. Topa?
- Sim.
- Então, cada um de nós irá representar as nossas experiências de vida. O Paolo, meu amado irá dirigir vocês e cantar com vocês. A Ofélia cuidará dos figurinos, o Adélia cuida do cenário, juntamente com o Emanuel. Clotilde é a dona da Gafieira e as meninas são as garçonetes e o Pedro é o apresentador e vocês serão os convidados. Vamos aproveitar esse momento e colocar em cena o que nós imaginamos que acontecia nesse local, mesmo sem a nossa presença.
- Proposta: ( Pode ser um salão de dança, mas haverá diálogos de experiência de vida com os personagens e suas profissões. No palco desde recinto pode ter declamação de poesias, paródias e cotação de lendas, histórias....)
Foi o que aconteceu. Cada um dos presentes  organizaram-se conforme o combinado e transformaram aquele salão com enfeites, flores, a mesas e cadeiras e no centro o palco.
Paolo começou a tocar o piano e um dos homens mais simples pediu para contar um causo e Pedro o anunciou:
- Senhoras e senhores, este é o dia mais importante de nossas vidas!
_ Seu Fulô, suba aqui no palco,  quero que o senhor olhe para este quadro (o quadro era um espelho bonito), e diga as qualidades deste homem.
O Seu Fulô olhou bem e emocionado disse:
- Este homem  trabalhou muito nesta vida, abraçou a terra e a adotou com mãe, zelou, plantou milhares de árvores frutíferas, alimentou milhares de famílias, criou filhos, amou, chorou, sorriu, partiu, desbravou lugares e hoje está aqui para contar apenas um causo, uma ocorrência entre uma criança 10 anos mais ou menos e um senhor de idade indefinida... 80, 90, 100 anos...
Vamos lá...

O homem está sentado na cadeira de balanço (espreguiçadeira), cochilando. A criança chega e grita:
- “Ooo! Zezão,,,” –  e se prepara pra correr, pois sabe que o Zezão não tolera que interrompam sua soneca.
Zezão levanta, a principio de vagar depois inicia desabalada carreira atrás do menino; passando por uma moita pega uma varinha e dispara pelo carriadô atrás do fedelho...
O menino ria que ria, corria e corria, de vez em quando olhava pra trás para ver se o Zezão se aproximava. O Zezão corria bem mas quem disse que alcançava o garoto.
Zezão já meio cansado, com a varinha na mão, diminuía a marcha dizendo:
- aff, aff, se eu te pego...
Passaram pelo curral,  desceram pela várzea. Chegando no Corguinho o garoto foi tirando a camisa e o sapato e só de short, pulou na água. Mergulhava e emergia naquela água limpinha, ria que se ria achando que o Zezão não pularia no corgo. Não pularia, se não fosse aquela sucuri que lentamente ia descendo pela correnteza por entre as folhagens da margem do córrego. Zezão não pensou duas vezes, não tirou botina nem roupa, apenas catou o facão que sempre trazia na cintura para alguma eventualidade. O menino de costas pra serpente, não percebendo o perigo mergulhou novamente e emergiu sorrindo. Zezão, de facão em punho saltou pra dentro do riacho e antes do bote da serpente desceu o facão bem no cabeção do bicho que saiu rolando rio abaixo.
Zezão catou o menino que chorava vendo todo aquele sangue espalhado na água e vendo a cobra descendo o rio, morta. Tirou o menino da água e levou-o pra debaixo de uma árvore.
Após o susto Zezão falou:
- Vamos lá pro barraco que vou lhe contá uma história...
Chegando no barraco Zezão deu uns panos pro menino e disse:
Eu vô acendê o fugão de lenha pra aquecê nóis e aproveito pra fazê um cafezinho pra esquentá o peito...
Cafezinho pronto, do lado do fogão quentinho, os dois (Zezão e menino), como dois garotos se olharam e começaram a rir, riram tanto que a barriga até doía...
O menino disse:
- Discurpa, Zezão, te fazê corre daquele jeito...
- Qui u quê, muleque, foi bão pra mim; pra mim alembrá dos tempo que eu era boiadeiro. Sabe, cono eu era boiadeiro sarvei uma bela donzela, uma mocinha linda, que gostava de se banhar no lago da fazenda que eu trabaiava. Tudo dia di tardezinha eu ia espiá a donzela nadá no lago, eu ficava abobado caquela beleza toda; ela tinha os cabelos bem cumpridos e um rostinho de santa, ah, que sardade.
Bão, uma tarde, de trás duma arve, eu tava espiando. Na bera do lago tinha uma pedra grande, ela subiu na pedra e fez uma pose, depois pulou naquela água azulzinha como o céu. Em vorta do lago tinha um bambuzal dum lado e um calipiá do outro. Sê sabe qui qui é um calipiá não...?
- Claro Zezão é um montão de eucaliptos...
- É, é isso mesmo, calipe... Enquanto a menina nadava, eu pensava: “um dia eu peço ela em casamento, quem sabe na próxima festa de São João...
O pensamento voava e voava, e eu sonhava co nosso noivado... num repente, escuitei os gritos da minha amada (eu sabia que ela era minha amada, ela não sabia). A cobrona se aproximava, iguarzinha a que atacou ocê... A sorte que eu nunca me afastei do facão que costumo trazê na cintura. Pulei n’água de facão na mão, a sucuri já tava enrolando na moça; desci a facona nas costa da bicha que largou a moça e virou pra mim caquela bocona aberta pra mi mordê... dei tantas facãozada nela, umas trinta, até que ela parou de se mecher e ficou boiando sem rumo. Eu corri e já na margem do lago alcancei a tonha, é, o nome dela era Antônia mas era conhecida por Tonha. Ela me agradeceu muito e dali nasceu nossa amizade, que virou namoro e depois casamento...
O menino então, com os olhos brilhando disse:
Nossa, vô, então a vó Tonha conheceu você como um herói?
Craro, se ta pensando que seu vô Zezão é pouca coisa...
Os dois riram bastante com a promessa que voltariam a nadar juntos no Corguinho e depois do Corguinho o Vô Zezão deverá contar mais histórias pro menino...
Laércio Pires e
Marly Carvalho



sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ESTE ASSUNTO É MUITO SÉRIO, SERÍSSIMO


Como enfrentar a sexta extinção
em massa
LEONARDO BOFF
 REFERIMO-NOS anteriormente ao fato de o ser humano, nos últimos tempos, ter inaugurado uma nova era geológica — o antropoceno — era em que ele comparece como a grande ameaça à biosfera e o eventual exterminador de sua própria civilização. Há muito que biólogos e cosmólogos estão advertindo a humanidade de que o nível de nossa agressiva intervenção nos processos naturais está acelerando enormemente a sexta extinção em massa de espécies de seres vivos.
Ela já está em curso há alguns milhares de anos. Estas extinções, misteriosamente, pertencem ao processo cosmogênico da Terra. Nos últimos 540 milhões de anos ela conheceu cinco grandes extinções em massa, praticamente uma em cada cem milhões de anos, exterminando grande parte da vida no mar e na terra. A última ocorreu há 65 milhões de anos quando foram dizimados os dinossauros entre outros.
Até agora todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio universo e da Terra a exemplo da queda de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas. A sexta está sendo acelerada pelo próprio ser humano. Sem a presença dele, uma espécie desaparecia a cada cinco anos. Agora, por causa de nossa agressividade industrialista e consumista, multiplicamos a extinção em cem mil vezes, diz-nos o cosmólogo Brian Swimme em entrevista recente no Enlighten Next Magazin, n.19. Os dados são estarrecedores: Paul Ehrlich, professor de ecologia em Standford calcula em 250 mil espécies exterminadas por ano, enquanto Edward O. Wilson de Harvard dá números mais baixos, entre 27 mil e 100 mil espécies por ano (R. Barbault, Ecologia geral 2011, p.318).
O ecólogo E. Goldsmith da Universidade da Geórgia afirma que a humanidade ao tornar o mundo cada vez mais empobrecido, degradado e menos capaz de sustentar a vida, tem revertido em três milhões de anos o processo da evolução. O pior é que não nos damos conta desta prática devastadora nem estamos preparados para avaliar o que significa uma extinção em massa. Ela significa simplesmente a destruição das bases ecológicas da vida na Terra e a eventual interrupção de nosso ensaio civilizatório e quiçá até de nossa própria espécie.
Thomas Berry, o pai da ecologia americana, escreveu: "Nossas tradições éticas sabem lidar com o suicídio, o homicídio e mesmo com o genocídio, mas não sabem lidar com o biocídio e o geocídio"(Our Way into the Future, 1990 p.104).
Podemos desacelerar a sexta extinção em massa já que somos seus principais causadores? Podemos e devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa responsabilidade pelo futuro da vida. É o universo que suscita tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo.
O primeiro que importa fazer é renovar o pacto natural entre Terra e Humanidade. A Terra nos dá tudo o que precisamos. No pacto, a nossa retribuição deve ser o cuidado e o respeito pelos limites da Terra. Mas, ingratos, lhe devolvemos com chutes, facadas, bombas e práticas ecocidas e biocidas.
O segundo é reforçar a reciprocidade ou a mutualidade: buscar aquela relação pela qual entramos em sintonia com os dinamismos dos ecossistemas, usando-os racionalmente, devolvendo-lhes a vitalidade e garantindo-lhes sustentabilidade. Para isso necessitamos nos reinventar como espécie que se preocupa com as demais espécies e aprende a conviver com toda a comunidade de vida. Devemos ser mais cooperativos que competitivos, ter mais cuidado que vontade de submeter e reconhecer e respeitar o valor intrínseco de cada ser.
O terceiro é viver a compaixão não só entre os humanos, mas para com todos os seres, compaixão como forma de amor e cuidado. A partir de agora eles dependem de nós se vão continuar a viver ou se serão condenados a desaparecer.
Precisamos deixar para trás o paradigma de dominação que reforça a extinção em massa e viver aquele do cuidado e do respeito que preserva e prolonga a vida. No meio do antropoceno, urge inaugurar a era "ECOZÓICA" que coloca o ecológico no centro. Só assim há esperança de salvar nossa civilização e de permitir a continuidade de nosso planeta vivo. (Reproduzido da Adital) 
FONTE: http://www.granma.cu/portugues/mais-informacoes/23marz-extincao.html

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A maioria não lê


O facebook é bem democrático, muito democrático, pois todos podem postar da mesma forma, ou de formas diferentes à vontade. Este "postar de formas diferentes" é que é o grande segredo, porque a maioria não lê, a maioria é "enquadrada, para não dizer enjaulada", uma maioria manipulada ad eternum pelas imagens (uma imagem vale mais do que mil palavras - provérbio chinês) e não percebe o tamanho da enganação... Eu tenho plena consciência que na maioria das vezes escrevo para mim mesmo, e, vez ou outra, para alguém fora do quadrado, como eu.

Enfim, continuamos sendo escravos da mídia, dos preconceitos, dos políticos, da classe dominante. Na verdade estamos refém das coisas e convenções do nosso tempo; mas isso não impede que expressemos o nosso sentimento de indignação com toda essa "merda".
Nós (eu e você que está lendo) fazemos parte de uma minoria que além de enxergar temos coragem de falar... A constituição garante nosso direito de expressão, apesar que muitas vezes falamos pra nós mesmos, porque poucos se dão o trabalho de ler... sabe como é... pensar cansa... só rindo mesmo pra não pirar... kkk