quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A Capucheta

A capucheta não é uma pipa, papagaio, quadrado, ou  coisa que o valha; pois ela não tem rabiola, nem varetas ou cabresto. Ela é apenas uma folha de papel dobrado, qualquer papel serve, até uma folha de revista. Aí, liga-se a ela um fio de linha de costura e pronto, está pronta pra voar. Ela é mui simples.
Mal as férias escolares começaram e o céu coalhou de pipas, com suas estruturas bem montadas , de papel celofane, varetas bem esticadas e coladas; suas rabiolas com anéis de todas as cores, o corpo com desenhos variados: times de futebol, bandeiras de países, desenhos de carrões e por aí vai. Bem tranquilas as pipas sobem, deslizam de um lado para o outro no céu de brigadeiro. Parece uma festa. E é.
Vermelha, a capucheta vibrava ao passar do vento. O que para as pipas era apenas uma brisa, para a capucheta era um vendaval, um tornado. Mas ela enfrentava o desafio com bravura; quando o vento estava a favor, subia feliz como um pássaro dominando a situação. A linha, mal esticada, formava uma barriga que parecia pesada demais para tão frágil criatura. Mas o vento estava a favor.
De repente, no refluxo, no revorteio do vento, ela murcha e queda, parecendo um pássaro, que fora atingido por bala assassina. Ao descer, a linha que formara uma barriga, fica cada vez mais frouxa. A capucheta sumiu atrás do arvoredo. Teria finalizado sua bela aventura? Não, um vento de esperança, vento a favor, dá o ar da sua graça, e a vermelhinha ressurge acima do matagal. Ao ganhar novas energias da benevolente ventarola a belezura recomeça sua subida rumo ao mais alto do céu, disputando espaço com as pipas saradas, fortes. 
Assim é a vidinha da capucheta. Frágil, ela vai ao sabor do vento. Não tem estratégias e não tem nenhuma estrutura mais elaborada, apenas contando com sua intuição, coragem e o vento a favor. Parece alguém que eu conheço!


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