A capucheta não é uma pipa, papagaio,
quadrado, ou coisa que o valha; pois ela não tem rabiola, nem varetas ou
cabresto. Ela é apenas uma folha de papel dobrado, qualquer papel serve, até
uma folha de revista. Aí, liga-se a ela um fio de linha de costura e pronto,
está pronta pra voar. Ela é mui simples.
Mal as férias escolares começaram e o céu
coalhou de pipas, com suas estruturas bem montadas , de papel celofane, varetas
bem esticadas e coladas; suas rabiolas com anéis de todas as cores, o corpo com
desenhos variados: times de futebol, bandeiras de países, desenhos de carrões e
por aí vai. Bem tranquilas as pipas sobem, deslizam de um lado para o outro no
céu de brigadeiro. Parece uma festa. E é.
Vermelha, a capucheta vibrava ao passar do
vento. O que para as pipas era apenas uma brisa, para a capucheta era um
vendaval, um tornado. Mas ela enfrentava o desafio com bravura; quando o vento
estava a favor, subia feliz como um pássaro dominando a situação. A linha, mal
esticada, formava uma barriga que parecia pesada demais para tão frágil
criatura. Mas o vento estava a favor.
De repente, no refluxo, no revorteio do
vento, ela murcha e queda, parecendo um pássaro, que fora atingido por bala
assassina. Ao descer, a linha que formara uma barriga, fica cada vez mais frouxa.
A capucheta sumiu atrás do arvoredo. Teria finalizado sua bela aventura? Não,
um vento de esperança, vento a favor, dá o ar da sua graça, e a vermelhinha
ressurge acima do matagal. Ao ganhar novas energias da benevolente ventarola a
belezura recomeça sua subida rumo ao mais alto do céu, disputando espaço com as
pipas saradas, fortes.
Assim é a vidinha da capucheta. Frágil,
ela vai ao sabor do vento. Não tem estratégias e não tem nenhuma estrutura mais
elaborada, apenas contando com sua intuição, coragem e o vento a favor. Parece
alguém que eu conheço!
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