quarta-feira, 18 de junho de 2014

Desabafo de um aspirante a professor

Há alguns anos eu estudava Pedagogia e na inocência de estudante vislumbrava uma possível futura carreira de professor.
Bom, o tempo passou, eu terminei a faculdade e ato contínuo participei de um concurso na Prefeitura de Ribeirão Preto (concurso para professor PEB II) para dar aulas na rede; aulas para os primeiros 5 anos do Ensino Fundamental.
Passei no concurso e fui chamado a ministrar aulas em uma escola bem próximo da minha residência (10 minutos à pé). A alegria era imensa. Eu, minha família, meus amigos ficamos felizes com a novidade. Afinal se realizava um sonho da vida inteira: dar aulas.
Na escola municipal encontrei uma realidade bem diversa daquela que participei quando fiz as 400 horas de estágio no Centro Universitário Barão de Mauá. Na Mauá, as crianças de classe média, bem comportadas, até tiravam as professoras do sério de vez em quando, mas quando a tia falava “SENTA” elas sentavam, quando falava “SILÊNCIO” os pequeninos se calavam. Mas na escola pública a realidade é bem diferente: o professor fala “SENTA” eles correm, o professor diz “SILÊNCIO” eles gritam.
 O desafio é grande...  Aff..
Na verdade essas crianças são adoráveis, educadas, amáveis, cordiais. Eu sinto que cada dia com eles me faz ficar mais jovem, pois a energia que emana destes pimpolhos é muito boa e muito intensa; eu é que não tenho ainda a tarimba necessária para lidar com eles. Esses pequeninos vêm de uma realidade diferente daqueles da escola particular, são, até certo ponto, vítimas de um sistema perverso que privilegia algumas crianças em detrimento de outras; claro que todas elas são bênçãos de Deus, todas: pobres ou ricas são apenas crianças inocentes. Não há culpa nelas.
Quanto ao pessoal que trabalha: Diretora, vice, docentes, pessoal do pátio, biblioteca, cozinha, todos têm sido muito solidários comigo, não posso reclamar, ao contrário, só tenho a agradecer as incontáveis gentilezas que recebo deles. Por esse motivo ainda não desanimei!!!
É engraçado que justamente eu que desde a mocidade tenho enfrentado realidades conflitantes, tipo enfrentamento político nos “tempos de chumbo”, greves incontáveis e debates memoráveis com políticos e militantes conservadores e de “direita”; justamente eu que não me rendi aos adversários encarniçados, agora estou sendo vencido por uma turminha adorável que não tenho coragem de enfrentar. Sinto-me como aquele conquistador que depois de muitas batalhas, vencendo todas, ao chegar em  um povoado que só tinha mulheres e crianças, disse ao seu exército: “Daqui nós vamos voltar, essas pessoas são muito mais fortes do que nós”...



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