Há alguns anos eu estudava Pedagogia e na inocência de
estudante vislumbrava uma possível futura carreira de professor.
Bom, o tempo passou, eu terminei a faculdade e ato contínuo
participei de um concurso na Prefeitura de Ribeirão Preto (concurso para professor
PEB II) para dar aulas na rede; aulas para os primeiros 5 anos do Ensino
Fundamental.
Passei no concurso e fui chamado a ministrar aulas em uma
escola bem próximo da minha residência (10 minutos à pé). A alegria era imensa.
Eu, minha família, meus amigos ficamos felizes com a novidade. Afinal se
realizava um sonho da vida inteira: dar aulas.
Na escola municipal encontrei uma realidade bem diversa
daquela que participei quando fiz as 400 horas de estágio no Centro
Universitário Barão de Mauá. Na Mauá, as crianças de classe média, bem
comportadas, até tiravam as professoras do sério de vez em quando, mas quando a
tia falava “SENTA” elas sentavam, quando falava “SILÊNCIO” os pequeninos se
calavam. Mas na escola pública a realidade é bem diferente: o professor fala “SENTA”
eles correm, o professor diz “SILÊNCIO” eles gritam.
O desafio é grande...
Aff..
Na verdade essas crianças são adoráveis, educadas, amáveis,
cordiais. Eu sinto que cada dia com eles me faz ficar mais jovem, pois a energia
que emana destes pimpolhos é muito boa e muito intensa; eu é que não tenho
ainda a tarimba necessária para lidar com eles. Esses pequeninos vêm de uma
realidade diferente daqueles da escola particular, são, até certo ponto,
vítimas de um sistema perverso que privilegia algumas crianças em detrimento de
outras; claro que todas elas são bênçãos de Deus, todas: pobres ou ricas são
apenas crianças inocentes. Não há culpa nelas.
Quanto ao pessoal que trabalha: Diretora, vice, docentes,
pessoal do pátio, biblioteca, cozinha, todos têm sido muito solidários comigo,
não posso reclamar, ao contrário, só tenho a agradecer as incontáveis
gentilezas que recebo deles. Por esse motivo ainda não desanimei!!!
É engraçado que justamente eu que desde a mocidade tenho
enfrentado realidades conflitantes, tipo enfrentamento político nos “tempos de
chumbo”, greves incontáveis e debates memoráveis com políticos e militantes
conservadores e de “direita”; justamente eu que não me rendi aos adversários encarniçados,
agora estou sendo vencido por uma turminha adorável que não tenho coragem de
enfrentar. Sinto-me como aquele conquistador que depois de muitas batalhas,
vencendo todas, ao chegar em um povoado
que só tinha mulheres e crianças, disse ao seu exército: “Daqui nós vamos
voltar, essas pessoas são muito mais fortes do que nós”...
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