terça-feira, 14 de outubro de 2014

ESPERANDO ANOITECER

Confira resenha de “Esperando anoitecer” em  “Na força de mulher”, de Salvador dos Passos, por Prof. Laércio Pires (14/10/2014)

Por Laercio Penafiel Pires

Pós graduado em Literatura, Salvador dos Passos, explora, nesse conjunto de contos, os conflitos homem-mulher, bem como a eterna solidão de algumas delas. De outro lado relata a força e determinação inerente à maioria delas.

Resenha
Esperando anoitecer relata o vivenciar de duas comadres, numa tarde ociosa de domingo. As duas sentadas no sofá, um gato a enrodilhar-se num canto. Na parede um daqueles velhos retratos de casal (de antigamente).
Lídia, a dona da casa, é a mais falante. Arminda (visitante), mais escuta. Enquanto esperam a água da chaleira, para o café, ferver, conversam. Relembrando o passado Lídia reclama o  tempo todo da situação de penúria em que vive. Fala do pai que era muito rico, tinha duas fazendas, uma em Ribeirão Preto e outra em Barretos; mas perdeu tudo porque tinha “sangue quente” e gastava tudo com a mulherada. Muito repetitiva, quando o assunto terminava, começava tudo de novo, falando da fartura que era na fazenda de seu pai, “muitas frutas, porcos...”
Que fartura! Não sei, não. Só vendo, mesmo. Depois vieram as demandas, sabe, questão de terra mal medida, cerca errada, olho gordo de gente poderosa, essas coisas (pag. 11)

Arminda, pacientemente, ouvia, como boa comadre e visitante. Nas poucas vezes que falava, reclamava que, diferentemente da amiga Lídia, não tinha nem mesmo uma aposentadoria do INPS (atual INSS). Vivia de favor com uma filha que era “bailarina”. Lídia critica a comadre por não ter trabalhado registrada e sempre depender do marido cachaceiro e vagabundo, que não lhe deixou nem mesmo uma pensão.
O dia vai chegando ao fim, as sombras vão tomando conta de tudo.
Após tomarem o café com bolinhos, as duas, sonolentas, se arrastam de volta para o sofá da sala.

Lídia recomeça as mesmas histórias de sempre:  – Meu pai era um homem muito rico, perdeu tudo por causa da mulherada, não podia ver mulher bonita... Fruta, hum... que fartura, tinha tanta que jogava para os porcos, muitos porcos...

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