Já sabemos que muitos são os problemas impeditivos para que a
Educação seja universal gratuita e
igualitária para todos; entre eles poderíamos citar a questão do capital
cultural (Pierre Bourdieu) trazidos por cada aluno, de suas realidades
objetivas. O filho de um médico certamente terá um capital cultural muito mais
rico que o filho de um pedreiro. Não obstante alguns filhos de pedreiro
poderão se destacar durante sua vida escolar e alguns filhos de médicos poderão
ser estudantes medíocres. Mas são casos de exceção e não, regra geral. Outra questão,
que sabemos é a gestão deficitária nos órgãos públicos. Alongando-se mais um
pouquinho temos o excesso de alunos por sala, o estresse da vida moderna, a
sala de aula ser pouco atraente diante do mundo tecnológico e virtual que seduz
e encanta as crianças de todas as classes sociais. Difícil a casa que não tem
um celular, computador, videogame... Temos ainda o desencanto dos professores
que não têm o devido preparo para exercer o Magistério; não por sua própria culpa,
mas do sistema que trata de forma desigual as profissões de um modo geral. Veja
o caso dos engenheiros, advogados, médicos e outros que, ao saírem da faculdade
passam por intenso treinamento antes de entrar definitivamente no mercado de
trabalho. Essas carreiras mais “nobres” têm uma práxis diferente para os seus
profissionais: Ao concluir a faculdade ficam por um longo tempo como auxiliares
junto de profissionais mais experientes até que aos poucos vão assumindo o seus
lugares nas empresas, públicas ou privadas. O profissional da Educação Pública,
ao contrário, sai da faculdade, passa no concurso e é jogado em uma sala de
aula, via de regra, para então ir construindo as suas experiências por sua
própria conta e risco. Não existe um padrão de qualidade a seguir, não existe
um treinamento adequado que prepare este profissional. Então, cada um faz de um
jeito e vai aprendendo com os colegas, mas até aprender (mais ou menos
aprendido) vai ensinando os alunos de maneira falha, formando cidadãos de
segunda categoria.
Teríamos muitos outros argumentos em favor da educação universal
gratuita e igualitária e a cada dia surgem mais alguns. Entretanto temos que lembrar,
um fato fundamental, como dizia Paulo Freire: “Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes
desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas
perceber as injustiças sociais de maneira crítica”